sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

... de Fevereiro de 2010

Perdoa-me nunca ter tido a coragem de te contar.
Desculpa-me ter fugido. Mas a única coisa que queria era poupar-te a estar situação. Tive medo. Pânico, diria. Quando o teste de gravidez deu positivo eu não tinha como voltar atrás.
Bloqueei o suficiente para bloquear a minha vida. E a tua. Passaram quase 2 anos. Ainda choro muito. Por ti. Por este Amor que ainda me sufoca. Pela raiva que se instala quando olho para a nossa filha. Saberes que ela existe e nunca te teres preocupado.
Sei que errei. Sei que quando soubeste que ela vinha a caminho, era tarde de mais. Mas para um filho saber que tem um pai, nunca é tarde. Ela tem a tua cara. Tudo o que transparece no seu rosto, é teu.
Dizes por outros que eu "nunca soube amar alguém". Enganas-te. Só quem faz o que eu fiz é que sabe o que é Amar. Incondicionalmente. Deste-me o melhor que a vida me podia dar, mas também me arrancaste as entranhas sem dó nem piedade, quando demonstraste que nada iria mudar na tua vida. Mas sabes? Tudo mudou na minha. Pela causa mais linda de todas. A nossa filha. Pelo Amor que nos uniu e que a fez vir ao mundo.
Tenho pena que não tenhas abdicado de nada por ela. Porque afinal de contas, quem perdeu e ainda perderá mais, és tu. Ouvi-la chorar quando saiu de dentro de mim. O primeiro sorriso. A primeira gargalhada. O primeiro passo. A primeira papa. Nunca saberás o que é ser Pai. Tenho pena ao mesmo tempo que me revolto. Por não teres tido coragem para me perdoar. Afinal de contas todos erramos. Eu assumi o meu erro, mas tu nunca assumiste os teus.
Só há uma coisa que ainda me mantém acordada a pensar. Viverás tu mais feliz assim? Fugindo das responsabilidades? Refugiando-te desse lado do mundo? Como se a tua filha não existisse?
Um dia a própria vida e o tempo, hão-de encarregar-se de me trazer todas as respostas. Enquanto isso, vou vivendo. Ainda que em banho-maria. Ainda que pensando em ti, mesmo com o coração nas mãos. Desfeito e sem esperança.
Que a tua vida siga e que sejas feliz o suficiente para continuares aí. Distante e em silêncio. Fingindo que nada se passa por aqui. Que tudo foi um sonho mau que sonhaste e agora a tua realidade é outra. Bem diferente e distante.
Eu aqui continuo. Com a maior e melhor companhia de todas. Com a nossa filha. Que me ensinou o verdadeiro sentido da partilha. Da palavra Amor.
E por último te digo, se não és pra ela, então dificilmente algum dia, serás para alguém...

Assim me despeço-me para Sempre de ti,

Carolina

2 comentários:

  1. Nós mulheres temos uma capacidade amar que supera tudo e todos...
    Somos mesmo especiais e únicas.
    Força, Carolina.

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  2. Engraçado o nome do comentario acima:)
    Um dia Carolina...um dia...porque nunca é tarde.
    Beijinhos

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