domingo, 16 de maio de 2010

A Despedida

Nunca te poderia escrever uma carta de despedida com uma caneta que tinhas sido tu a oferecer-me.
Ao início fiquei com muita raiva. Senti ódio até. Dentro de mim só conseguia projectar a palavra: odeio-te. Odeio-te. E não deixa de ser verdade.
Passaram pouco mais de 24 horas e tenho feito de tudo para continuar a ouvir tudo aquilo que me disseste, com razão é certo, mas sem o menor sentimento. E isso é que me magoou mais do que tudo.
Torno a repetir, és mais do que perfeito para existir na minha vida. Continuo a achar que falaste pela razão. Que escondes muitos sentimentos dentro de ti. Que não és feliz na maioria dos dias. Ou então és e eu é que ando trocada e a viver de ilusões.
A minha perspicácia deve ter-se perdido no tempo. Tudo o que o teu olhar me transmitiu foi puro engano. O teu sorriso espontâneo foi uma mentira e a tua mão a tocar na minha não passou de um sonho. Simples, como vês. Em meia dúzia de linhas se transcreve tudo o que sente nalguns meses. Para não ter de dizer que foi num período de tempo muito maior.
Desejo-te as maiores felicidades, mas peço-te, não ouses me procurar mais. Não depois de tudo o que me disseste. Não posso permitir que me voltes a estilhaçar por dentro. Não posso. Não vou deixar que me convenças de algo que não és e muito mais, de algo que não sentes. Odeio-te. Repito-o quantas vezes forem necessárias para não me esquecer. Tal como todos os teus telefonemas intermináveis e tardios. Esquece. Nunca te vi, nunca te conheci. És apenas um fantasma na minha vida.
Um que me assombrou os dias e tantas noites. Que me falou ao ouvido e me conheceu verdadeiramente. Serás sempre uma pedra na minha vida.
Não irei atrás de ti a lugar nenhum. Sorrirei se assim tiver de ser, mas não esperes mais nada. Porque te dei tudo. O mais fundo e escondido que tinha. O mais especial. Agora ficou apenas o resto. O resto de tudo aquilo que trouxe. Junto com a mágoa e as lágrimas que chorei. Sozinha.
Tenho pena. Muita pena.
Mas sempre achei que querias mais para ti.
Tudo aquilo que te gosto, ficará apenas para mim. Jamais to revelarei. E tornarei a sorrir, se tiver de ser. Mas vou fugir o máximo que puder. Para não ter de te encarar. Para não ter mais um céu estrelado como tecto. Não posso. Não poderei mais permitir que me abraces e me toques.
Não.
E assim me despeço de alguém, que do nada, desmoronou este muro que é a minha vida.

Odeio-te. Nunca te esqueças.
Aquela que um dia se deu a ti, mas que não mais se dará,
Carolina

16 de Maio de 2010